Como Fazer | Mikaela Övén https://blog.mikaelaoven.com Heartfulness & Parentalidade Consciente Wed, 11 Apr 2018 07:43:59 +0000 pt-PT hourly 1 https://wordpress.org/?v=5.9.12 https://blog.mikaelaoven.com/wp-content/uploads/2017/11/cropped-MO_Simbolo_FullColor-32x32.png Como Fazer | Mikaela Övén https://blog.mikaelaoven.com 32 32 O FLUIR https://blog.mikaelaoven.com/o-fluir/ Thu, 14 Jan 2016 18:55:00 +0000 https://blog.mikaelaoven.com/o-fluir/

Olá!

Quando tinha 15 anos e andava no 12º ano decidi escrever a minha tese final sobre o Taoísmo. Foi ao desenvolver esse trabalho que pela primeira vez me cruzei com o conceito Wu Wei que é o princípio prático central da filosofia taoísta. Lembro-me de uma metáfora que li na altura para explicar este princípio. O autor falava da água do rio, que naturalmente segue o seu percurso, ou melhor, o curso que lhe é oferecido. Sem resistência, contornando os obstáculos com serenidade. Fluindo naturalmente.

Wu Wei tem tudo a ver com Mindfulness e as 7 atitudes (não-julgamento, paciência, mente de principiante, confiança, não-esforço, aceitação e deixar ir).

Quando tinha 15 anos nunca tinha ouvido falar em Mindfulness, mas foi quando desenvolvi curiosidade pela meditação e comecei a praticar. E foi quando comecei a ter a experiência (consciente) do verdadeiro fluir da vida. (LER MAIS)

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O que fazer e não fazer quando a criança está de luto https://blog.mikaelaoven.com/o-que-fazer-e-no-fazer-quando-a-criana-est-de-luto/ Tue, 01 Dec 2015 18:55:00 +0000 https://blog.mikaelaoven.com/o-que-fazer-e-no-fazer-quando-a-criana-est-de-luto/ Para nós, adultos, pode ser um grande desafio lidar com a morte e, claro, para as crianças também. Normalmente, uma criança que perdeu alguém próximo só quer continuar com a sua vida normal. Não quer mais mudanças. Quer manter as suas atividades “como se nada fosse”. Ao mesmo tempo, quer que os adultos entendam a dor que sente e saibam o momento exato em que necessita de um abraço. (continuar a ler) ]]> Onde é que a criança deve dormir? https://blog.mikaelaoven.com/onde-que-a-criana-deve-dormir/ https://blog.mikaelaoven.com/onde-que-a-criana-deve-dormir/#comments Fri, 07 Aug 2015 18:55:00 +0000 https://blog.mikaelaoven.com/onde-que-a-criana-deve-dormir/

Olhar para a parentalidade através dos olhos de pais de outros países e outras culturas tem-me aberto muito a minha mente e tem desafiado várias crenças e práticas às quais estava habituada.  Ao mesmo tempo que existem alguns standards universais de acordo com os quais eu acredito que uma criança deveria ser tratada, também existem várias formas de ser uma boa mãe ou um bom pai.Uma das práticas mais discutidas na nossa sociedade está relacionada com onde é que a criança deveria dormir. Parece-me que quanto mais poder económico, mais importância se dá a esta questão e mais se acredita na importância da separação entre filhos e pais na hora de dormir.

Antes de mergulharmos em argumentos da psicologia sobre se as crianças deveriam dormir com os pais ou não, que é o que normalmente se faz, é interessante envolvermos a antropologia. Na minha infância, passei os meus Verões em Montenegro (o país de origem da minha mãe), um país europeu (da ex-Jugoslávia), com bastante menos poder económico que os restantes países na União Europeia. Lembro-me bem que eu e a minha irmã éramos as únicas entre os primos que tínhamos um quarto cada uma. Algo que os nossos primos invejavam. Nas minhas viagens pela Índia, visitando muitas famílias de castas baixas, dúvidas em relação a onde as crianças devem dormir não existem. Todos dormem em tapetes no chão, no mesmo (e normalmente o único) quarto.

Aliás, na maioria dos países não-Ocidentais, bebés e crianças pequenas dormem com os seus pais (na mesma cama ou no mesmo quarto). É apenas em países industrializados no Ocidente que se tornou realmente importante separar as crianças dos pais. Num estudo (Barry, H., & Paxson, 1971) de 186 sociedades não-industrializadas, 46% das crianças dormem na mesma cama que os pais e 21% numa cama diferente, mas no mesmo quarto.  Ou seja, 67% das crianças dormem em companhia de outros. Nas 186 culturas estudadas, em nenhuma as crianças dormem separadas dos pais antes de 1 ano de idade. Sendo o estudo de 1971 acredito que os números antes eram maiores, e depois provavelmente menores.

Além disso, estudos recentes demonstram que há mais pais a praticarem ‘co-sleeping’ do que aqueles que o admitem publicamente e curiosamente os números no Ocidente parecem estar a aumentar.

Então e os argumentos da psicologia? Pois, há estudos que demonstram os ‘perigos’ do ‘co-sleeping’* e há estudos que demonstram as consequências da separação precoce…. Muitas das vezes, ambos os lados falam dos mesmos riscos, a falta de autonomia e de independência. Nas minhas observações em alguns países diferentes, e soluções diferentes, nunca consegui traçar uma ligação entre maior autonomia e independência e o sítio onde a criança dorme (mas vi uma ligação clara entre autonomia, independência e confiança por parte dos pais nas capacidades da criança). Embora não cientifica, acredito que a amostra é significativa.

Ufa… e agora… o que fazer?! 

Talvez te perguntes como é na minha família?… Não, neste momento não praticamos co-sleeping! Eu pessoalmente prefiro que os meus filhos com a idade e o tamanho que têm durmam nas suas camas, nos seus quartos. O mais novo, que partilha o quarto com o irmão, nem sempre está de acordo. Essa minha preferência tem apenas a ver comigo (e o facto de eu ter mais quartos em casa!)… não está baseada em estudos, medos, crenças, receios e comentários dos outros…

A mensagem que te quero passar é esta:
Alguns dormem com os filhos, outros não. Não é certo, nem errado colocares o teu filho a dormir no seu quarto aos 6 meses. Nem é certo ou errado o teu filho com 5 anos durma contigo. Tudo depende das tuas intenções e das necessidades da família. Faz o que te fizer mais sentido, faz o que sentes melhor para ti e para o teu filho. Agora. A decisão que tomares hoje, não impede uma decisão diferente no futuro. Necessidades, vontades e ideias, mudam. E está tudo bem. Esquece os argumentos pró e contra. Esquece as escolhas dos outros e sente-te bem com a tua! Juntos ou separados, tenho a certeza que se estiveres a fazer uma escolha consciente e congruente, vai correr tudo bem.

*co-sleeping é quando a criança partilha a cama dos pais ou dorme no mesmo quarto que os pais.

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QUERO MEDITAR, MAS NÃO TENHO TEMPO E NÃO CONSIGO! 6 dicas para conseguires praticar mindfulness a qualquer hora… https://blog.mikaelaoven.com/quero-meditar-mas-no-tenho-tempo-e-no-consigo-6-dicas-para-conseguires-praticar-mindfulness-a-qualquer-hora/ https://blog.mikaelaoven.com/quero-meditar-mas-no-tenho-tempo-e-no-consigo-6-dicas-para-conseguires-praticar-mindfulness-a-qualquer-hora/#comments Mon, 03 Nov 2014 18:55:00 +0000 https://blog.mikaelaoven.com/quero-meditar-mas-no-tenho-tempo-e-no-consigo-6-dicas-para-conseguires-praticar-mindfulness-a-qualquer-hora/

Nas formações e sessões que facilito de Mindfulness e de Parentalidade Consciente falamos, muitas vezes, de meditação. Encontro muitas pessoas que querem meditar, mas ”não conseguem” ou ”não têm tempo”. Admitem os benefícios, mas as crenças à volta do que é meditação não permitem a prática.

Uma das coisas fundamentais na Parentalidade Consciente é assumirmos responsabilidade pelas nossas necessidades e pelo nosso estado emocional. Se não estamos bem, como é que podemos ser bons pais? Se existe caos interior, como vamos conseguir criar calma no exterior? É realmente necessária uma preparação interior e o Mindfulness (e a meditação Mindfulness) é a melhor prática que conheço para garantir que consigo exercer uma parentalidade consciente.

Também eu tinha grandes dificuldades para me organizar e encontrar tempo para meditar formalmente. Até perceber que meditação não precisa de ser nada formal. Não necessito de me sentar com as pernas cruzadas, não preciso de acender velas, nem preciso de estar num ambiente calmo, não preciso de fechar os olhos…. nem preciso de mais tempo!

Para mim, a principal prática é aparecer para a vida, todos os dias. Com curiosidade e sem julgamentos. Procurando viver ao máximo cada momento. Sabendo que tudo que acontece, acontece pela primeira e pela última vez. Se pensares bem, nenhum de nós faz a mesma coisa duas vezes. De cada vez existe algo de diferente. A prática é estar com o que é, inteira, conscientemente presente.

E é por isso que a prática de meditação Mindfulness pode ser tanta coisa e para, muitas pessoas, o primeiro passo não é organizar-se para meditar todos os dias durante 20 minutos, se calhar nunca será. As boas notícias são mesmo que apesar de tudo que ”tens” de fazer durante o dia, todas as tarefas de casa, tarefas com os filhos, tarefas no trabalho… todas essas tarefas podem ser transformadas em práticas de Mindfulness! O primeiro passo é olhares para o teu dia e ver o que já fazes que poderias fazer de uma forma Mindful.

Lavas os dentes? Tomas banho? O que fazes enquanto lavas os dentes? Lavas apenas os dentes ou pensas no que aconteceu ontem? O que fazes quando tomas banho? Tomas apenas banho ou pensas no dia que tens à tua frente? Passas roupa a ferro? Fazes o jantar? Dás banho ao teu filho?

A questão á qual tens de responder é: o que na minha rotina diária vou escolher para fazer enquanto o estou a fazer? 

Começa por escolher 1 coisa. E a partir de hoje, faz esta coisa enquanto a fazes. Podes-te guiar pelas seguintes dicas enquanto fazes a tarefa… ou melhor, a tua nova prática de Mindfulness!

  1. Observa. Observa como se fosse a primeira vez com todos os teus sentidos. Cada movimento, cada sensação. Repara em cada detalhe da atividade.
  2. Se te apanhares envolvido nas histórias da tua mente (o mais provável é que isso aconteça), redireciona, com gentileza, a tua atenção para a respiração, permitindo-te voltar para o que estás a fazer neste momento. As vezes vai ser necessário fazer isto 100 vezes, outras vezes apenas algumas. É como é.
  3. Utiliza todos os sentidos. Tens 5, lembras-te? Qual é a sensação nas mãos? Texturas? Temperaturas? Qual é o cheiro? O que vês? O que ouves? Quais os sabores que estás a sentir na boca?
  4. Tens pensamentos que aparecem continuadamente? Começas a ter grandes ideias que tens medo de te esquecer? Anota-as rapidamente para a tua mente poder descansar. Com a prática vais ver como vais conseguir deixá-las ir, confiando que te vais lembrar novamente quando for necessário.
  5. Pratica o não-julgamento. Cada momento é como é para ti. Nada está a correr bem ou mal. Não existe uma forma certa de fazer este exercício. Existe apenas a forma como estás a fazer neste momento. Não te julgues. Deixa ir pensamentos tipo ”eu não consigo” ”eu penso demasiado” etc.
  6. Repete. Mesmo que não te tenhas sentido muito bem a primeira vez, tenta de novo. Lembra-te que cada vez é única e a próxima será diferente de certeza absoluta.

Quando integrei a prática de Mindfulness no meu dia-a-dia, passado algum tempo, a minha prática formal também ganhou o seu espaço na minha rotina diária. Além disso encontro tantos pequenos momentos nos quais tenho oportunidade de fechar um pouco os olhos e meditar de uma forma mais formal. Um deles por exemplo quando deito os meus filhos e fico ao lado deles um pouco. Ou posso demorar só mais um pouco na casa de banho a meio de um dia de trabalho. Ou posso fechar os olhos e respirar conscientemente 3 vezes antes de atender o telemóvel.

Mas a primeira grande diferença para mim foi realmente transformar a rotina normal em prática. Essa prática permite-me sair da minha cabeça, permite-me experienciar mais os momentos e conectar mais com os meus filhos. Permite-me ver e usufruir do pequeno raio de sol que observo entre as nuvens. Permite-me ver a beleza de cada momento. Permite-me ver tudo pela primeira e pela última vez.

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7 coisas a ter em mente para uma manhã sem stress https://blog.mikaelaoven.com/7-coisas-a-ter-em-mente-para-uma-manh-sem-stress/ Thu, 25 Sep 2014 18:55:00 +0000 https://blog.mikaelaoven.com/7-coisas-a-ter-em-mente-para-uma-manh-sem-stress/
Como são as tuas manhãs lá em casa nos dias de trabalho e escola? Tudo flui ou as coisas têm a tendência de se transformarem numa grande fonte stress?
Se as manhãs são um momento de stress, antes de mais é bom rever quais as tuas expectativas em relação às rotinas matinais. Qual a situação ideal? O que queres é realista? Quando sabes o que queres podes refletir sobre o que tens e o que falta para criares uma situação melhor. Aqui vão umas dicas sobre como evitar as principais coisas que nos impedem de ter uma manhã a fluir!A noite
O fluir da tua manhã começa na noite anterior. A que horas é que se deita o teu filho? Se a criança não dormiu horas suficiente, a probabilidade de ter uma manhã cheia de stress aumenta exponencialmente. Sei que muitas vezes é desafiante conseguir que a criança durma as horas necessárias, mas é bom saber se a criança tem falta de boa educação, ou se tem falta de sono!
(Existem algumas tabelas diferentes mas pode-se resumir mais ou menos assim: menos de 1 ano -15 horas ou mais nos primeiros meses; 1-3 ano – 12 a 14 horas; 3-6 anos 10 a 12 horas:  6-12 anos 10 a 11 horas) A Conexão
Algumas crianças precisam de se reconectar com os pais de manhã. Essas crianças, se não existirem momentos de contacto próximo onde essa reconexão possa ser feita, podem (inconscientemente) inventar estratégias para prolongar a rotina matinal. Se calhar comem muito lentamente, demoram imenso a escolher a roupa e vestir-se, inventam coisas que ”têm” de fazer antes de sair, têm de ir à casa de banho mais de uma vez etc. Duas das melhores formas que conheço de satisfazer a necessidade de conexão dessas crianças são: 1. Ao acordar a criança fica ao lado dela alguns minutos. Faz umas festas na cabeça, dá um abraço, conversa um pouco. 2. Tomar pequeno almoço em família! Na minha família faz milagres!

O Tempo
Para muitos de nós parece que o tempo nunca é suficiente de manhã. Muito rapidamente é hora de sair e ainda temos tantas coisas para fazer e as crianças não colaboram. Há coisas práticas e pequenas que podemos fazer na noite anterior que nos vão ajudar imenso de manhã. O pequeno almoço pode ser preparado minimamente, os lanches, a roupa, as mochilas. Se quiseres mais tempo de manhã, prepara tudo o que for possível na noite anterior. Considera também se te estás a levantar suficientemente cedo. Levantam-se todos ao mesmo tempo? Será que te podes levantar 15-30 minutos antes das crianças para tratar das tuas coisas?

O Foco
Estou-me a referir ao teu foco. Eu sei que as manhãs que correm menos bem na minha família são sempre as manhãs em que eu perdi o foco. Comecei a ler algo que me prendeu a atenção, decidi espreitar mensagens ou e-mails, comecei a ver o facebook, decidi arrumar algo… e de repente olho para o relógio e vejo que já é tarde e começo a chatear os meninos que ainda não estão prontos… Quando perdes o foco, assume a responsabilidade que o perdeste e não culpes o teu filho pelo atraso.

As Instruções
Também sentes que ”tens” de dar muitas instruções de manhã? O primeiro passo para evitar isso é ter uma boa divisão de responsabilidades. Algumas pessoas até fazem um esquema, com palavras ou imagens para as crianças saberem quais as tarefas matinais a serem feitas. Tens aqui alguns exemplos, mas por favor, não utilizes isto como quadros de bom comportamentos com prémios e cenas, tu queres que o teu filho siga a rotina matinal porque é benéfico para toda a família, não para ele ganhar pontos e prémios.

A maioria das vezes o problema com as instruções que damos às crianças é que são difíceis para a criança entender ou por em prática. Em primeiro lugar, diz o que queres que a criança faça (”Não brinques com os legos agora!” vs ”Vai lavar os dentes e vê se encontras alguns bichinhos!”). Em segundo lugar, sê específico. O que é que ”Despacha-te!” quer dizer especificamente? O que é preciso a criança fazer para se conseguir despachar? Em terceiro lugar, considera se as instruções que estás a dar são demasiado longas ou complexas? Se calhar consegues dividi-las em partes? Queres qua as tuas instruções sejam sempre simples e claras.

Os Argumentos
Estás mesmo a ser honesto quando comunicas que têm pressa de manhã ou estás apenas a dizer que vão chegar atrasados para pressionar a criança? E será que é a criança que vai chegar atrasada ou és tu que queres chegar a horas ao teu trabalho? Se calhar é mais honesto dizer ”Eu quero sair agora para chegar a horas a uma reunião que marquei com o meu colega e não gosto de o fazer esperar.” do que ”Tu vais chegar atrasado à escolinha!”

A Responsabilidade
Para o teu filho querer colaborar contigo ele tem de sentir que tem alguma influência sobre o que está a acontecer e tem de sentir que confias nele. Se estás constantemente a chatear (”Já é muito tarde!” ”Tens de te despachar!” ”Vamos chegar atrasados!” ”Já te disse para lavares os dentes!”) a criança deixa de querer colaborar, deixa de sentir que confias nela e que ela é responsável. Deixa a criança assumir o máximo de responsabilidade e deixa-a também a viver as consequências se for possível.

Antes de acabar quero partilhar uma pequena história verídica:
Conheço uma mãe que já tinha tentado de tudo com a filha de 12 anos. Ela dormia suficiente, preparava coisas no dia anterior, o acordar era suave etc. O ritmo extremamente lento da filha da manhã prejudicava a família toda. Um dia a mãe decidiu que a consequência natural e lógica dessa lentidão era que a filha teria de chegar atrasada à escola, mas que não era justo o filho também chegar atrasado. Decidiu levar apenas o filho à escola, deixando a filha em casa. Quando voltou, a filha estava pronta, à porta da casa. Levou a filha, atrasada, à escola. No carro a caminho da escola, finalmente conseguiram ter uma conversa realmente produtiva sobre as responsabilidades de cada membro da família, das consequências que existiam e a mãe prometeu que nunca mais iria chatear a filha para se despachar de manhã. A filha achou que apenas precisava da ajuda da mãe para acordar. Assim concordaram e a mãe prometeu que nunca mais iria chatear a filha para se despachar de manhã. Se ela não estivesse pronta, a consequência seria a menina chegar atrasada à escola. A mãe percebeu que o que realmente estava em questão era a necessidade da filha de ter mais controlo sobre a sua vida e parece que a consequência que houve foi uma útil aprendizagem para ambas. Desde a conversa, a menina nunca mais chegou atrasada à escola.

Se neste ano lectivo queres criar uma rotina matinal mais em harmonia, então porque não começar com uma reunião de família? Mesmo crianças pequenas de 2-3 anos podem participar.
Ou marca uma conversa durante o jantar, ou no carro a caminho da escola. Levanta questões como:
Quais as responsabilidades de cada um? Qual o compromisso de cada um? O que podemos fazer na noite anterior? A que horas temos de nós deitar para dormir o suficiente? Que consequências naturais e lógicas existem? 

Como é que queremos que sejam as nossas manhãs?

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PARA PALMADA NÃO HÁ HORA CERTA https://blog.mikaelaoven.com/para-palmada-no-h-hora-certa/ https://blog.mikaelaoven.com/para-palmada-no-h-hora-certa/#comments Sun, 17 Aug 2014 18:55:00 +0000 https://blog.mikaelaoven.com/para-palmada-no-h-hora-certa/ Faço algumas vezes a pergunta: “Se te dissesse que há alternativas à palmada, gostavas de saber quais são?” São raras as vezes que recebo um resposta positiva. Mas noutro dia disseram-me “Então, Mia, quais são as alternativas?” . Pensava que tinha decidido não me pronunciar muito mais sobre este assunto em público, mas senti que queria partilhar algumas coisas também aqui. Neste momento sinto que é a última vez que o faço e agradeço a tua iniciativa de ler este artigo!

É importante referir que não há nenhuma solução para as crianças se ”portarem bem” sempre. Sei que era bem conveniente, mas se pensares bem, para as crianças se poderem ”portar bem” é obrigatório portarem se também ”mal”.

A principal alternativa à palmada resume-se desta forma:
Cria um espaço entre emoção e reação. Neste espaço não existem palmadas e muitas vezes bastam uns segundos para conseguir faze-lo, desde que tenhamos essa consciência. E a partir desse espaço, podemos escolher estratégias diferentes.

Antes de continuarmos gostaria de referir que a principal intenção que tenho com este artigo é convidar à reflexão profunda.  Quero fazer isso principalmente através de partilhas de artigos de outras pessoas que abordam o assunto de uma forma muito profissional. Quero começar por partilhar dois artigos que falam extensivamente sobre o porque de as palmadas não funcionarem e como podem ter consequências indesejadas (o termo em inglês ”spanking” refere-se a palmadas; “sacudir o pó” e “a palmada na hora certa” incluídos):

The case against spanking (American Psychological Association)
Should You Spank Your Child?

E agora para as alternativas. Para te poder oferecer informação a mais completa possível sobre este assunto partilho uma lista dos artigos que tenho guardados para situações em que pais realmente procuram alternativas. São artigos claros e muito úteis para quem tiver abertura. A melhor forma de os ler é com uma mente de principiante, evitando julgamentos enquanto os lês, refletindo sem os teus filtros habituais.

Alternatives to Spanking
Discipline No More
How Can You Learn to Behave, If You´re Never Punished? 
No Bad Kids – Toddler Discipline Without Shame (9 Guidelines)
The Discipline Question No One Can Answer
Twenty Alternatives to Punishment

Se explorares mais um pouco este blog também vais poder encontrar artigos que poderão ser úteis para quem está com vontade de experimentar algo diferente.

Dois dos comentários mais frequentes que ouço nas discussões sobre palmadas são “Eu levei palmadas e estou bem” e “Eu mereci as palmadas que levei” . Se estas são frases que costumas utilizar, então convido-te a ler e refletir sobre o que é discutido nos seguintes artigos.

But I Was Spanked and I’m OK
“I was spanked and I’m OK” A few things that say I’m not. 
“I Was Spanked And I’m Fine!”

Além desta informação toda, como sempre, é necessária uma boa dose de paciência e uma grande porção de amor incondicional. Ingredientes que estão ausentes quando damos uma palmada e fundamentais na educação/orientação de uma criança.

Aproveito também para referir que esta informação serve igualmente para substituir castigos, lutas de poder e berros.

Somos extremamente condicionados e todos nós podemos ter reações fortes de vez em quando. Se tivermos sido ensinados a acreditar que as palmadas são uma boa estratégia educativa, e se elas ainda por cima parecem estar a “funcionar” para nós (porque palmadas podem mesmo funcionar, mas saliento que é só para nós, nunca para a criança e é a curtíssimo prazo e provavelmente não alinhado com o que queremos como pais ao longo prazo), então claro que vamos ter mais tendência de as usar e vontade de as defender.

Entendo que palmadas muito ocasionais possam acontecer. Se tivermos consciência dos nossos atos, podemos utilizar esse tipo de situações para fazer boas aprendizagens de ambos os lados. Estou perfeitamente de acordo com as pessoas que dizem que “não existe uma forma absolutamente correcta de educar uma criança” e também não acho que “por detrás de cada gesto desregrado existe um trauma escondido” (que foi um comentário que li recentemente) mas sei que por trás de cada comportamento desafiante existem necessidades e emoções que necessitam de ser reconhecidas e prefiro procurar entender o que está de trás de um comportamento (mesmo que as vezes me custe) do que corrigir um comportamento com uma palmada e temporariamente enterrar emoções e necessidades. Porque sei que quando conseguimos fazer esse reconhecimento a situação muda por completo. E sei que isso muitas vezes pode demorar mais tempo, outras vezes até menos, e está tudo bem.

Também sei que se não ponderarmos bem as nossas intenções como pais, nunca vamos poder avaliar se o que estamos a fazer é o certo ou o errado no nosso caso específico (nunca encontrei ninguém que tenha feito isso antes de ter filhos, eu incluída, mas agora já tenho as minhas por escrito). Utilizar a palmada como uma forma consciente de educar uma criança é completamente diferente. Acredito que serão muito, muito poucos os pais que, ao definirem bem os seus valores e as suas intenções, e que façam bem o trabalho de casa sobre palmadas, consigam honestamente defender a palmada como estratégia educativa.

Não tenho interesse absolutamente nenhum em entrar em discussões sobre se se deve dar palmadas ou não. Eu tenho a minha opinião (bastante rígida, eu sei!) e não tenho paciência 🙂 para tentar convencer ninguém que apenas está interessado em defender as palmadas e que não está minimamente interessado em ponderar outros pontos de vista. Podes querer acusar-me do mesmo e terás razão. Mas por favor, não precisas de te defender, nem invistas tempo em tentar convencer-me do contrário se tiveres essa vontade. Basta acordarmos que este artigo não foi para ti. Não sinto falta nenhuma de utilizar palmadas. Lamento se te sentires ofendido ou chateado. Se isso for o caso, convido-te a explorar as verdadeiras razões dessas emoções, isso é uma reflexão que poderá (e deverá) demorar algum tempo.

Mas se há algo em ti que está a chamar a tua atenção, sugerindo que a palmada se calhar não é a melhor opção (“dói-me mais a mim” e sensações de culpa, por exemplo, são ótimos sinais dessa chamada de atenção), então espero que explores bem a informação que partilhei e se quiseres podemos conversar!

Nasci e cresci num pais onde a palmada não existe como opção na educação. A lei é muito dura e explicita e nem sequer existem este tipo de discussões na sociedade. O meu condicionamento neste aspeto provavelmente é bastante diferente do teu. Onde eu vivia os adultos nem sequer pensam em alternativas à palmada porque ela nem sequer existe como alternativa. Se és defensor da palmada (e continuaste a ler até aqui! Obrigada!) ou se continuas com dúvidas, gostava de te convidar a fazer uma pequena experiência. Imagina que te oferecessem um trabalho na Suécia. Um trabalho espetacular, muito bem pago, com condições maravilhosas. Queres aceitar e isso implica ir viver para lá com a família toda. Vai haver as mesmas situações lá como cá nas quais costumas escolher dar uma palmada. Só que lá, essa opção é muito arriscada, porque é algo que poderia ter consequências graves impostas pelas autoridades… Achas que valeria a pena realmente perceber e procurar praticar as alternativas ou preferias deixar passar a oportunidade? E que tal experimentares, verdadeiramente, durante pelo menos 1 mês? E se mesmo assim acontecer uma ou outra vez, não faz mal, não te julgues e prima “reset”! 

Se em vez desta conversa e estas partilhas todas apenas pudesse utilizar uma frase para exprimir o porque disto ser tão importante, provavelmente seria: Como grande defensora de paz, interior (para mim e os outros) e exterior, palmadas como opção simplesmente sai fora do mapa.  

Mais uma vez, obrigada por investires tempo e energia para saber mais sobre ”as alternativas”.

Até breve,
Mia

Imagem: jerryfergusonphotography


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Como entender o comportamento? Os 6 pressupostos fundamentais! https://blog.mikaelaoven.com/como-entender-o-comportamento-os-6-pressupostos-fundamentais/ Tue, 15 Jul 2014 18:55:00 +0000 https://blog.mikaelaoven.com/como-entender-o-comportamento-os-6-pressupostos-fundamentais/ Quando praticamos Parentalidade Consciente não olhamos para o comportamento das crianças como algo a corrigir, olhamos para o comportamento como algo a entender para depois poder fazer as mudanças que achamos necessárias (sejam elas relacionadas connosco ou com a criança ou ambos)! Muitas vezes, principalmente quando não estamos habituados a esse processo de reflexão, pode ser desafiante entender. A boa notícia é que, como sempre, quanto mais praticarmos, mais fácil fica!

Quero-te apresentar alguns pressupostos que, pessoalmente, acho útil ter presentes no processo de entendimento do comportamento e na procura de soluções para lidar com o mesmo.

1. Todo o comportamento existe para satisfazer necessidades.
Eu acredito que tudo o que faço, faço porque quero satisfazer algum tipo de necessidade. Tudo que tu fazes, fazes porque queres satisfazer algum tipo de necessidade. Tudo que o teu filho faz, faz para satisfazer algum tipo de necessidade!

É fácil observarmos necessidades como fome, sede ou sono. A satisfação ou insatisfação destas necessidades, como todos certamente já sabemos, podem originar conflitos. Existem também outras necessidades mais profundas, e de observação mais subtil, que vale a pena explorar.

Quando escrevo este artigo faço-o porque tenho uma necessidade de contribuir para melhores relações entre pais e filhos e também tenho uma necessidade de ser ouvida e reconhecida.
Quando lês este artigo se calhar é porque tens uma necessidade de saber lidar melhor com os conflitos que tens com o teu filho.
Quando o teu filho faz uma grande birra porque não quer vestir a roupa que escolheste se calhar é porque ele tem uma necessidade de ter mais influência sobre a vida dele.

Portanto, uma pergunta chave é; qual a necessidade que a criança está a procurar preencher através do seu comportamento?

2. O mapa não é o território
Quando tens dificuldade em pensar em possíveis intenções e necessidades por preencher a melhor coisa que podes fazer é assumires a posição do teu filho. Quando utilizas o pressuposto de que o mapa não é o território entendes também que não há uma verdade ou realidade absoluta. A nossa realidade é completamente subjetiva e para encontrarmos soluções para eventuais conflitos é essencial perceber que a realidade do teu filho é diferente da tua.
A pergunta a fazer é: Qual o mapa do meu filho?

3. A intenção de um comportamento é sempre positiva.
Este ponto pode ser desafiante aceitar. Mas convido-te a fazer o exercício de aplicar também este princípio. É bom lembrar que ”o mapa não é o território” e a intenção é positiva do ponto de vista do mapa da criança.

Quando uma criança bate noutra, na superfície, não parece nada positivo. Mas se utilizarmos os pressupostos apresentados aqui vamos olhar além do que está visível. Se calhar a criança que bate tem uma necessidade de maior contacto. Se calhar tem uma necessidade de ser vista e reconhecida. Se calhar tem uma necessidade de sentir mais calma e harmonia. Não estou a dizer que a estratégia escolhida é a estratégia certa (além disso a estratégia de uma criança é praticamente sempre escolhida inconscientemente), mas olhando para as coisas desta forma temos a oportunidade de encontrar estratégias alternativas, e mais positivas, para satisfazer a mesma necessidade.

Ou seja quando procuras a intenção do comportamento, nunca pode ser ”ele quer chatear” ou ”ele quer magoar”… se notares que chegas a essas respostas, tens de pensar mais um pouco, ”Mas porque é que ele está com vontade de chatear? Qual a intenção positiva deste comportamento?”

4. Existem sempre várias formas/estratégias para satisfazer cada necessidade.
Quando apenas digo à criança que está a bater que ela não pode bater, ou se a puser de castigo porque bateu, o que ela vai perceber é que a necessidade dela não pode ser preenchida, que o que ela está a sentir não tem valor. O que muitas vezes leva a mais conflito, porque a criança continua a ter a mesma necessidade.

Imagina que a criança na situação em cima em vez das necessidades propostas tinha fome, ou seja a necessidade de se nutrir, e a outra criança tinha um pão. Ou seja, a primeira criança bate na segunda porque quer o pão. Provavelmente o teu único foco não seria repreender a criança porque bateu, também ias procurar satisfazer a necessidade de nutrição.

Consequentemente, terás de fazer a pergunta: Que formas/estratégias existem para satisfazer a necessidade em questão?

5. Com flexibilidade posso satisfazer as minhas necessidades e as necessidades do meu filho.
Sim, é mesmo possível, desde que não tenhas a crença que tem de ser sempre à tua maneira e quando tu queres.

Imagina que estão a chegar a casa após um dia longo de trabalho. Antes de começar com a logística do jantar estás com vontade de ficar sentado na sala a conversar um pouco com o teu parceiro. As crianças estão cheias de energia e começam com brincadeiras elaboradas e em alto som na sala. Uma situação que facilmente leva a conflito…

Se olhares primeiro para as necessidades presentes, tanto as tuas como as das crianças consegues ver que tu tens necessidade de calma e eles estão com necessidades de contacto e diversão. Quando sabes isso, pergunta; que tipo de soluções podem existir para satisfazer as necessidades de todas as pessoas envolvidas? 

Se calhar as crianças podem ir brincar noutro sítio da casa ou lá fora.
Se calhar tu e o teu parceiro podem ter a conversa noutro sítio. 
Se calhar tu e o teu parceiro podem dar um pequeno passeio.
Se calhar podem todos dar um passeio.
Se calhar as crianças estão dispostas a fazer uma brincadeira mais calma.
etc.

Se utilizares uma solução que não funciona, então provavelmente quer dizer que ainda existem necessidades por satisfazer. Em minha casa por exemplo muitas vezes se eu e o meu parceiro vamos para outro sítio, as crianças vêm atrás…. o que provavelmente quer dizer que existe uma necessidade de ligação e contacto connosco. Então temos de pensar noutra solução. Será que dá para termos a nossa conversa ao lado de uma brincadeira um pouco mais calma? Será que podemos todos ver televisão durante um pouco? Será que podemos entrar na brincadeira durante 15 minutos para depois poder ter um pouco de calma? Será que podemos falar durante 15 minutos para depois participar na brincadeira?

6. Resistência é sinal de falta de conexão.

Se a criança continua a resistir à tua mensagem ou à tua pessoa, essa resistência impede a solução da situação. Quando o teu filho continua a resistir é sinal que  ainda não conseguiste gerar o nível de confiança suficiente para que a tua comunicação seja apreciada sem ruído. Quando utilizas este pressuposto utilizas a pergunta ”O que posso mudar na minha comunicação para gerar mais conexão?”

São estes os 6 pressupostos que te convido a explorar. As únicas coisas necessárias para realmente explorar os pressupostos são curiosidade, paciência e presença. E vai correr tudo bem, com certeza!

 

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Como sei que estou a fazer a coisa certa? https://blog.mikaelaoven.com/como-sei-que-estou-a-fazer-a-coisa-certa/ Thu, 22 May 2014 18:55:00 +0000 https://blog.mikaelaoven.com/como-sei-que-estou-a-fazer-a-coisa-certa/ Recebo diariamente perguntas sobre diferentes coisas relacionadas com educação e parentalidade. Sinto-me muito grata por haver tantas pessoas que escolhem partilhar partes tão importantes da sua vida comigo. Normalmente, respondo às perguntas, com várias perguntas. E hoje gostava de partilhar contigo algumas das perguntas que normalmente faço.

Muitas mães, e alguns pais, contactam-me com dúvidas relacionadas com o certo e o errado. Questionam se estão a fazer a coisa certa ou errada, questionam-se há uma forma certa de educar e agir em certas situações.

Quando tens dúvidas em relação à forma como estás a agir/tens agido, ou se tens dúvidas em relação a um conselho que alguém (a tua mãe, o pediatra, o terapeuta, o psicólogo…) te deu, se tens dúvidas em relação a alguma dica que eu dei, então convido-te a fazeres-te a ti mesm@ algumas perguntas. As perguntas não têm de ser feitas por uma determinada ordem. Nem têm que ser todas feitas. Muitas vezes basta responder a uma delas para fazer uma grande reflexão.

1. Utilizaria a mesma estratégia se o problema fosse com um adulto?
Se quiseres praticar parentalidade consciente é importante perceberes, e integrares, que todas as pessoas têm o mesmo valor. Todas as necessidades, todos os desejos, todos os pensamentos e todas as opiniões que o teu filho tem, têm o mesmo valor que as necessidades, todos os desejos, todos os pensamentos e todas as opiniões que tu tens. Isso não quer dizer que deves fazer sempre o que o teu filho quer, só quer dizer que o valor é o mesmo. A ideia aqui também é que se não irias fazer o que estás a fazer se a pessoa à tua frente fosse uma pessoa adulta, deves questionar com que base que estás a agir. Estás a agir partindo do principio que a pessoa à tua frente tem o mesmo valor que tu? Dizias o que dizes, se fosse um adulto? Davas uma palmada? Punhas de castigo? etc. Se a resposta é não, convido-te a pensares numa alternativa. Porque existem sempre alternativas.

2. Como é que eu me sentiria se alguém fizesse o mesmo comigo? 
A ideia por trás é a mesma que na pergunta em cima- a ideia do igual valor. Se a tua resposta é que te sentirias ”mal”ou algo do género, então, convido-te a pensares numa alternativa. Porque existem sempre alternativas.

3. A estratégia está alinhada com os meus valores e com as minhas intenções?
Se ainda não te sentaste para pensar bem sobre quais os teus valores e quais as tuas intenções como mãe/pai, convido-te a fazê-lo agora. Isso vai-te servir de guia para sempre. Só podes saber se uma coisa é realmente certa ou errada para ti quando sabes quais são as tuas intenções em relação à tua parentalidade. Se tiveres os teus valores e as tuas intenções bem definidos, é fácil avaliar. O que estás a fazer, ou o que estás a ponderar fazer, está alinhado? Se a resposta for não, convido-te a pensares numa alternativa. Porque existem sempre alternativas.

4. De que forma é que a estratégia está a contribuir para o meu filho poder adquirir as competências e qualidades que eu gostava que ele tivesse? 
Quando sabes quais as tuas intenções e os teus valores como mãe/pai, vais poder também pensar sobre quais as competências e qualidades que gostavas que o teu filho tivesse. Se queres educar para a empatia, respeito, responsabilidade, compaixão então o que tu fazes tem de contribuir para isso mesmo. Quando utilizas uma estratégia reflete bem sobre quais as competências e qualidades que ela promove. Se queres educar para a empatia e respeito, será que utilizar castigos é uma boa estratégia? etc.
Se ao fazeres a tua reflexão chegas a conclusão que a estratégia não contribui para as competências e qualidades que gostavas que o teu filho tivesse convido-te a pensares numa alternativa. Porque existem sempre alternativas.

5. Qual é a verdadeira aprendizagem do meu filho?
Esta pergunta está muito ligada à pergunta anterior. Muitas estratégias que utilizamos podem ter um objetivo especifico, e contêm ideias sobre o que é que a criança deveria aprender com ela. A questão é que, se investirmos algum tempo a aprender sobre desenvolvimento infantil e cerebral, sabemos que as aprendizagens que gostávamos que a criança tivesse, podem não ser as que ela realmente está a fazer. Mas às vezes também basta fazer uma reflexão um pouco mais profunda. Por exemplo, se pões o teu filho de castigo para aprender a não fazer a mesma ”asneira” novamente ele aprende, por exemplo, que as necessidades dele não têm o mesmo valor que as tuas, aprende que só tem valor quando se comporta de uma certa forma, pode aprender que mentir é melhor do que falar a verdade, aprende que nem todas as necessidades e emoções são aceites, aprende que tu nem sempre (ou nunca) te preocupas com os seus estados emocionais profundos e as suas necessidades e que o comportamento em si é mais importante etc. Se utilizas palmadas o teu filho vai por exemplo aprender que violência em algumas situações é adequada. Se gritas quando o teu filho não faz o que tu queres o teu filho vai aprender que pode ser necessário gritar para conseguirmos o que queremos etc. E se utilizares a estratégia de ignorar o teu filho quando ele faz uma birra, o que é que ele aprende?
Se ao refletires sobre as aprendizagens chegas à conclusão que não são bem as que gostavas que o teu filho tivesse então convido-te a pensares numa alternativa. Porque existem sempre alternativas!

Então quais são as alternativas que tenho, talvez perguntas tu?! São tantas… Procura aqui no blog, por exemplo aqui ou aqui. Segue também os posts no facebook, ou porque não participar numa palestra ou curso de Parentalidade Consciente?!

O próximo evento de Parentalidade Consciente é uma palestra sobre auto-estima. Podes saber mais aqui.

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5 dicas para prevenir birras https://blog.mikaelaoven.com/5-dicas-para-prevenir-birras/ Thu, 24 Apr 2014 18:55:00 +0000 https://blog.mikaelaoven.com/5-dicas-para-prevenir-birras/
Ele está mesmo na fase das birras! Ouço esta frase, e outras parecidas, tantas vezes. Parece que muita gente acha que existe uma fase, obrigatória, pela qual a criança tem de passar. Que é uma fase em que a criança contraria tudo, que testa os limites e que desafia. E que nessa fase é importante definir bem os limites, castigar se for preciso, e lembrar-se de que há sempre ”a palmada na hora certa”. Quem me conhece sabe que não estou nada de acordo. 🙂
O terapeuta familiar Jesper Juul costuma dizer que quando a criança entrar na famosa ”idade das birras” que como pais deveríamos relaxar. Pegar no jornal, sentar e dizer… ”quando precisas de ajuda, chama-me”!
Porque é que o Jesper Juul diz uma coisa dessas? A questão é que todo o comportamento existe para satisfazer algum tipo de necessidade. E uma criança que faz birras, contraria, desafia e ”testa os limites” normalmente é uma criança que está a procura da sua independência. Uma criança nessa idade que faz birras é uma criança que está a procurar ganhar mais influência sobre a sua vida. Ela quer assumir responsabilidade pela sua própria vida, pelas suas necessidades e vontades. Quer aprender a fazer coisas sozinha. Quer ser mais independente. Ela quer sentir-se capaz e competente.
Na psicologia de desenvolvimento costuma-se dizer que isto acontece 3 vezes na vida da criança. Por volta dos 2-3 anos, aos 6 anos e na adolescência. E quando acontece é muito importante nós pais estarmos preparados para dar o apoio necessário à criança. Quanto mais conseguirmos apoiar a necessidade de ser independente, mais independente a criança se tornará no futuro. Faz sentido?
O Jesper Juul também diz: ”Não são as crianças que fazem birras, são os pais! As crianças tornam-se independentes e os pais fazem birras”.
O que podemos fazer então para guiar uma criança que está a contrariar e desafiar, que tem uma opinião própria muito forte, que fica zangada e triste quando não consegue o que quer?
Estratégias e métodos regularmente sugeridos envolvem muitas vezes distrair a atenção, ignorar a birra, colocar a criança de castigo (para pensar um pouco), pegar na criança com firmeza e dizer ”Não!” com uma voz segura, dar a tal ”palmada na hora certa”…
Quando praticamos Parentalidade Consciente sabemos que ameaças, palmadas e castigos não servem se queremos apoiar a criança a caminho da independência. Sabemos que um cérebro pequeno não consegue ”pensar no que fez” num estado de birra. Sabemos que para a criança desenvolver empatia, a auto-estima, o respeito pelo outro, precisamos de a ajudar a preencher a necessidade que está por trás do comportamento. E quando temos esse foco, encontramos soluções bem diferentes.
Como estas birras normalmente são uma consequência da necessidade da criança de se tornar mais independente e de ela obter significância, de se sentir capaz e competente, então é nisso que me vou focar.
Como posso ajudar o meu filho a sentir mais independente, capaz e competente? Se eu conseguir ajudar o meu filho a satisfazer as necessidades de formas mais saudáveis, então ela não tem de fazer birras para as procurar satisfazer.
Aqui vão algumas sugestões de coisas que podemos fazer para prevenir birras (e lembra-te que claro que deves adaptar as soluções à idade da criança):
Deixa a criança decidir: esta é bem difícil para muitos de nós. Mas tão, tão importante. A grande maioria dos pais assumem decisões que a criança pode tomar sozinha. Deixa a criança decidir o que vestir, como pentear o cabelo, se toma banho antes ou depois do jantar, se faz os trabalhos de casa logo ao chegar à casa ou se espera um pouco, com quem brincar, etc. Se tens dificuldade com estas coisas então pergunta-te bem porquê e explora as tuas respostas enquanto experimentas dar mais liberdade ao teu filho.
Pergunta a opinião da criança: A minha filha (10 anos) adora quando pergunto o que ela acha que eu devo vestir. Também gosta de ter influência nas decisões que envolvem a família. Pergunta mais vezes a opinião do teu filho. ”Onde achas que devemos ir de férias? O que vamos fazer par a o jantar? Qual o vestido que achas que devo comprar? Onde achas que devemos ir primeiro?”
Dá responsabilidade à criança: Noutro dia íamos receber muitas pessoas em nossa casa. A sala estava bastante desarrumada e eu estava sozinha com os meus três filhos. Comentei que achava que a sala estava bastante desarrumada. A minha filha respondeu ”Se calhar era melhor arrumarmos um pouco?” e olhou para os irmãos (6 e 3 anos). ”Boa ideia” respondi ”então isso é a vossa responsabilidade enquanto eu preparo a comida”. Passado meia hora, não tinham arrumado só a sala, mas também os quartos. Será que se sentiram capazes e competentes? Que tal perguntares ao teu filho ”Será que queres assumir responsabilidade por alguma coisa aqui em casa?” 
Quando fica bem claro para a criança que ela tem a responsabilidade por alguma coisa, o mais provável é que ela assume mesmo essa responsabilidade. Por exemplo a arrumação do seu próprio quarto, os trabalhos de casa, pôr a roupa a lavar etc. Muitas vezes o que custa mais é nós pais termos paciência e conseguirmos dar à criança o espaço necessário paz ela sentir que a responsabilidade é mesmo, só, dela. E as sensações de ser independente, capaz, competente e significativa crescem.
Ensina coisas novas: Noutro dia perguntei ao meu filho do meio se ele queria aprender a apertar os laços dos sapatos e neste momento andamos nesse projeto. Não precisam de ser coisas avançadas. Aliás, é perfeito começar por coisas simples do dia-a-dia. Já perguntaste ao teu filho ”o que queres aprender a fazer aqui em casa?” Preparar o próprio pequeno almoço (hoje de manhã o meu mais pequeno de 3 anos fez a papa de aveia), colocar manteiga no pão, por leite no copo, enviar um sms, ligar a máquina de louça, ligar o dvd, etc.
Mostra que tens confiança na criança em tarefas importantes: ”Atendes por favor o telefone que não posso falar quando estou a conduzir?” ”Podes ficar aqui um pouco enquanto o teu irmão toma banho para eu pôr o arroz a cozer?” ”Vais buscar o leite e eu vou buscar o pão?” ”Pagas a conta?” 
Certamente consegues pensar em mais coisas que podes fazer. Tu é que conheces melhor o teu filho. Lembra-te de perguntar:
Como posso ajudar a satisfazer a necessidade de independência? Como posso ajudar o meu filho a sentir-se capaz e competente?” 
Lembra-te também que vai haver birras na mesma de vez em quando. E o que faço nestes casos? A minha recomendação: Se queres praticar Parentalidade Consciente então foca-te em manter uma boa relação e não em corrigir o comportamento. Encontra dentro de ti muita paciência e muito amor incondicional e lembra-te que numa relação em que nos sentimos bem, temos a tendência de nos portar bem. 🙂
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Intenções e Valores https://blog.mikaelaoven.com/intenes-e-valores/ Mon, 03 Mar 2014 18:55:00 +0000 https://blog.mikaelaoven.com/intenes-e-valores/

Qual a tua intenção como mãe/pai? Quais os teus valores? O que é que queres viver? Já pensaste mesmo a sério nisso?

Os meus valores já tenho bem definidos desde que fiz a minha formação com a Family Lab (não antes…). Igual valor, autenticidade, integridade eresponsabilidade estão sempre comigo. Hoje não vou entrar em mais pormenor em relação aos valores porque quero-me focar em intenções.

Podemos olhar para as nossas intenções em dois níveis. Posso ter intenções em relação a mim como mãe/pai e posso ter intenções em relação ao meu filho e o que lhe quero transmitir. Há um senão em relação às intenções relacionadas com o meu filho… muitas vezes essas intenções transformam-se em expectativas. E expectativas são grandes inimigos de qualquer relação. Para evitar que essas intenções se transformem em expectativas, o mais fácil é definir que a minha intenção é passar certos valores ao meu filho e focar o resto das intenções em mim.

Acho que definirmos as nossas intenções é uma coisa que deveríamos fazer antes de ter filhos. Nunca conheci ninguém que o tivesse feito desta forma, nem antes, nem depois… Uma vez escrevi o meu manifesto de mãe (bastante depois de ter tido filhos…), o que foi um primeiro passo no caminho das intenções. Depois de ter escrito esse manifesto, e após ter lido Everyday Blessings: The Inner Work Of Mindful Parenting de Jon and Mayla Kabat-Zinn, um dos meus livros preferidos sobre parentalidade, decidi realmente escrever as minhas intenções. Nunca as cheguei a publicar aqui, mas já as partilhei em palestras, cursos e e-cursos.

Então aqui vão as intenções (muito inspiradas no livro em cima) da Mama Mia.

1ª Intenção: A minha intenção é entregar-me totalmente a uma parentalidade consciente e ter sempre os meus valores base comigo.

2ª Intenção: Vou olhar para a parentalidade como uma oportunidade única de me ficar a conhecer cada vez melhor. Para assim poder partilhar o melhor de mim com os meus filhos (e em todas as minhas relações).

3ª Intenção: Vou praticar Mindfulness e vou procurar estar conscientemente presente em todos os momentos (principalmente com os meus filhos).

4ª Intenção: Vou-me sempre esforçar para VER os meus filhos. Vou procurar deixar todas as minhas expectativas e todos os meus medos de lado. Vou procurar aceitar os meus filhos exatamente como são em todos os momentos. Isso também quer dizer que vou trabalhar para me ver a mim, e para me aceitar a mim, para assim conseguir ajudar os meus filhos a fazerem o mesmo.

5ª Intenção: Vou-me esforçar para ver sempre os pontos de vista dos meus filhos e procurar perceber quais as suas necessidades.

6ª Intenção: Vou aproveitar todos os momentos da minha vida com os meus filhos. Os bons e os menos bons, exatamente como estão.

7ª Intenção: Vou guardar estas intenções no meu coração junto com os valores que quero praticar e tenho um compromisso comigo mesma de as ter presentes da melhor forma que consigo, todos os dias.   

E quais são as tuas?

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