“É importante manter as rotinas!” Lemos e ouvimos por todo o lado.
Partilham-se ideias de horários onde está tudo tão bem organizado. E parece bonito e lógico e a coisa certa para fazer.
Depois reparo na tensão.
Recebo mensagens de mães que me dizem: “Não sei como conseguir. Organizar todas as refeições… Almoço, jantar, lanches… Fazer home schooling, inventar atividades, manter a casa limpa e organizada… fazer exercício… e ainda trabalhar à distância 8h por dia?!”
E acima disto tudo é preciso gerir a ansiedade, a angústia, a incerteza, o medo… E conseguir ser um porto seguro para os pequenos.
Fazem-se reuniões em família para estabelecer um horário mas depois temos de gerir os conflitos que aparecem quando alguém escolhe jogar Fortnite em vez de fazer as tarefas da escola no horário estabelecido…
“Olha aqui filho, diz que agora é para fazer trabalhos de casa! Por isso tem de ser! Tu comprometeste-te com isso para as 11h!!!”
“Não quero!!! O Manel está agora no Fortnite e quero jogar com ele!!!”
“Não! O horário é o horário…!”
Não acredito que rotinas muito fixas no meio disto tudo seja uma boa estratégia para todos… Pode ser para alguns, mas certamente não é para todos. Aqui por casa, não é de certeza. Para muitos, cria tensão, cria conflito, cria angústia desnecessários….
Esta situação é um grande momento de aprendizagem, é uma grande oportunidade para permitirmos que os nossos filhos aprendam a assumir responsabilidade pessoal, que aprendam a gerir o seu tempo. Que aprendam a definir intenções e objetivos. E que aprendam a adaptar-se a situações adversas e a serem flexíveis.
Ontem finalmente tínhamos por aqui os acessos todos da Escola Virtual, só que quando os miúdos se sentaram para trabalhar, a plataforma não estava a funcionar, e agora? O que vale um horário nessa situação? Os trabalhos foram trocados por um jogo de andebol e algum tempo a jogar na Playstation… E as 23h um dos meus filho esteve todo contente a finalizar os trabalhos para a escola.
O almoço aconteceu depois das 14h, e não comemos à mesa. Depois eu e o Pedro fechamo-nos para gravar o podcast e quando acabamos havia bolo e sumo de laranja natural e a mesa da cozinha estava posta para o lanche para a família toda.
Tentamos manter alguma rigidez com a hora de dormir. Mais por nós que por eles na verdade. Pois o nosso tempinho a dois no final do dia é precioso e essencial. Mas ontem não conseguimos. Mas ia-me chatear quando a Escola Virtual finalmente estava a funcionar e o miúdo estava todo contente? Eu não.
Hoje de manhã levantei-me depois dos miúdos e quando cheguei a sala os rapazes já tinham estado a trabalhar na Escola Virtual. A adolescente começou o dia por ver um episódio da série preferida do momento e agora está a estudar enquanto os irmãos andam entre andebol, Fortnite e Youtube.
Muito mais importante do que horários e rigor por aqui, é definir quais as intenções e objetivos do dia. Qual a intenção hoje? O que quero fazer? O que me comprometo fazer? E mais do que nunca sinto que uma das minhas perguntas preferidas faz sentido: “O que é mais importante Agora?”
Estamos bem. Tranquilos e sem grande conflitos. Por aqui, não ter rotinas fixas faz com que as coisas funcionem muito, muito melhor.
Por isso, hoje venho-te dizer: Tens permissão para NÃO manter rotinas fixas! Tens permissão para relaxar, para deixar as coisas fluirem. Tens permissão para não fazeres duas refeições quentes por dia. Cereais também servem para o jantar. Ou o almoço…. Tens permissão para não ser super mãe. Confia nos teus filhos. Tem paciência e coragem para os deixarem organizar-se. Fala das intenções e dos objetivos. Fala do mais importante.
E se manter um horário fixo funciona e ajuda na vossa família, então também está tudo certo!
Obrigada! Já me estava a sentir uma péssima mãe! 😏 Pois as crianças não estando na escola e eu não sendo professora. E como também não sou polícia. Tento incutir o senso de responsabilidade delas! Tem sido uma experiência muito interessante! Entre horta, galinhas, pinturas e bolos e tempos de estudo!
Obrigada pela leveza do seu post, Mia!
Sinto me tao bem depois de ler o que a Mia escreve
Parece que entro em descompressão
Obrigada por me fazer sentir melhor
Nossa Mia, que lindo!
Você tirou um peso das minhas costas.
Obrigada por partilhar
Olá querida Mia, mais um bom texto para nos simplificar o peso dos dias. Ontem foi um dia de terror interno da mamã cá de casa. Uma noite muito mal dormida, misturada com pesadelos e insónias como há muito não acontecia. Cheguei ao fim do dia com a sensação de ausência e ter estado num outro sítio que não em casa. Cheguei até a pedir desculpas às minhas filhas por ter estado tão pouco com elas. À noite, já na cama, como habitualmente acontece, perguntei à minha filha mais velha (4 anos) do que tinha gostado mais. E ela respondeu “do dia feliz e calmo”. Ora eu a sofrer por dentro e ela dá-me esta resposta. Ontem foi a minha filha que me tranquilizou. Os filhos têm mesmo uma missão gigante nas nossas vidas. Toda a pressão de estar tudo bem, tudo feito a tempo, com milhentas actividades sumarentas para os preencher e estar, às vezes mesmo mal, basta. Porque a C. sentiu que fez o que gostava, sem pressas nem pressões. Claro que o papá em teletrabalho foi um aliado de ouro neste dia. Em que tive mesmo de fazer uma sesta com a A. de 2 anos. E respirar ao final da tarde numa as de Yoga online. “É mesmo bom não termos de andar à pressa e a correr de manhã para ir para a escola e para o trabalho não é filha?” C.: “Sim mãe, mas eu gosto de ir à escola.” Muitas aprendizagens a fazer, muito para crescer ainda e quando tudo passar ou melhorar, garantir sem dúvida que a calma das manhãs e dos dias se mantém, até porque ir à escola e trabalhar é bom. Beijinhos Mia e obrigada mais uma vez.💗
Mia obrigada por este post. Ao fim de 7 dias em casa, só me apetece chorar e desaparecer…
Os meus filhos tem 3 e 8 anos. Nao me estou a conseguir conectar com eles porque para mim é importante que o mais velho fazer as tarefas diárias da escola e ele nao quer saber. Coloquei como horário de estudo 2 h de manhã e 2 h a tarde com intervalos e 30 min. Mas não está a cumprir . Nem ao final do dia as coisas aparecem feitas…. Tento não fazer nenhum tipo de observação sobre o seu comportamento e confiar mas é muito dificil para mim.
Além disso eles andam atrás de mim, desde que acordam até que se deitam e sinto-me completamente absorvida por eles. Não consigo fazer nada para mim e por mim e isso também me está a deixar desesperada.
Sei que isto é um momento de reflexão e de aprendizagem mas não está a ser nada fácil…
Completamente alinhada! Ontem às duas mais pequenas começaram às 2#:00 na Alegria. A mais velha fez um prato de bacalhau no forno com batatas novas fantásticas! E a do meio (de 6), que gosta de calças e basquete, já cose à mão os toalhetes turcos, com as cores de cada um, para limpeza das mãos. Sim, assiste às aulas da universidade às escuras, com um papel na porta a pedir para não incomodar, a outra lava a louça à meia-noite, depois de acabar os trabalhos pedidos pelos professores do secundário, e a de 10 anos, foi para o parapeito da varanda pintar e deixou tudo desarrumado à chuva! Há coisas mais importantes! Vamos fruir da oportunidade de estarmos juntos, tentando viver com normalidade, mas vivendo também ao sabor do tempo sem horas!…
Olá Mia 🙂
Há sempre novas aprendizagens a serem feitas nas diversas realidades em que a vida nos coloca, não é verdade?
Em tudo este tempo tem sido bom, enriquecedor, desafiante, profundo e altamente transformador. Para nós e para os mais pequenos.
Questionar os meus super poderes tem estado em cima da mesa, principalmente quando desejo que eles se tornem simples na sua manifestação. Simples, básicos.
É para aí que estamos a voltar, para a simplicidade. E com isto também reflito sobre a importância de estabelecermos ou não horários… por enquanto não nos faz sentido principalmente porque cada dia tem tido uma aprendizagem diferente. Aquilo que tem de ser feito aparece na mesma feito, seja às 10h, às 15h ou às 21h.
Obrigada pelo post.