O João era um menino sempre apoiado e incentivado, elogiado, premiado, e amado. E os pais do João não entendiam de onde vinha àquele comportamento. Eram pais bastante ocupados, com carreiras importantes, e estavam a começar a sentir-se esgotados com a situação do filho. Castigos de todo o género, palmadas, time outs, ultimamente até tinham instituído um quadro de bom comportamento lá em casa. Uns dias até parecia que o João estava motivado para receber o barco de piratas do Playmobile… outros estava-se a borrifar. O número de auto-colantes colocados no caminho para a prenda, ainda eram poucos, e os pais do João estavam mesmo a desanimar.
Certo dia, a mãe do João consegui acabar o projeto em que estava a trabalhar um pouco mais cedo e viu que ainda dava para ir às compras antes de ir buscar o João à escola. Mas este dia a Mãe sentiu algo diferente, sentiu uma vontade enorme de ir buscar o João e leva-lo com ela às compras. Mas, ela estava maluca? Levar o João às compras? Não, mais valia fazer as compras primeiro e depois ir buscá-lo à escola, “ele fica melhor a brincar com os amiguinhos mais um pouco”. A Mãe sentou-se no carro, ligou a música, distraiu-se, e quando deu por ela, estava a porta da escola do João! Sorriu, e pensou. “Pronto, hoje é mesmo para ser. Vou fazer compras com o João.” E inspirou profundamente.
As compras com o João correram surpreendemente bem. Só houve uma pequena chatice quando a mãe se recusou de comprar mais Bakugans, mas de resto, ela estava realmente satisfeita. Ainda por cima, durante o tempo todo, ela e o João tiveram uma agradável conversa e a Mãe sentiu-se mesmo presente.
Ao sair das compras decidiram ficar um pouco a brincar no parque infantil que estava mesmo ao lado do supermercado. O João ficou feliz da vida e correu para os baloiços. A Mãe aproveitou para fazer um telefonema importante enquanto o João brincava. Ao desligar, olhou para o telefone, e decidiu desligar o som, sem sabendo bem porquê. Ouviu o João a chamar. “Mamã, mamã! Olhe para mim aqui em cima!” A mãe viu o João em cima do maior escorrega do parque. Sentiu um pequeno frio na barriga quando viu o filho tão alto, mas não disse nada. Olhou para o João, olhou-o mesmo nos olhos, por uns momentos só existia ela, e o filho… sorriu, levantou a mão, e acenou.
Muito baixinho disse “Estou-te a ver João, estou-te a ver…”. E ali, naquele momento, percebeu, que o João nunca mais ia ser o mesmo. Que a vida daquela pequena família ia ser muito mais tranquila
ja me fizeram chorar hoje com estas duas historias….mas fica aqui bem gravado na minha consciência que tenho que ouvir mais, ser mais atenta, ser mais presente, estar mais presente, ver com olhos de ver….os meus filhos merecem-no e muito mais, e …eu também o mereço….
Adorei os dois exemplos apresentados. O primeiro exemplo tocou-me particularmente, talvez porque a minha capacidade de falar sempre se tenha sobreposto a capacidade de ouvir! Obrigada por me ter proporcionado esta reflexao.